Gamificação: The “Dark Side”

Se você soubesse o poder do lado sombrio…”, para Darth Vader e para o universo de George Lucas, o lado sombrio pode ser mais forte, mas, na gamificação não é bem assim.
 
Por ser uma técnica consideravelmente nova, a gamificação ainda possui muitos mitos e contestações. Nesse texto iremos falar sobre algumas dessas contestações e também sobre o que as gerou.

Pointsification

Pointsification é um termo criado por Margaret Robertson, designer de jogos, em 2010, em seu texto “Can’t play, Won’t play” (Não pode jogar, não jogue). A expressão faz referência aos pontos, conquistas e medalhas que geralmente existem nas gamificações e veio como uma crítica às aplicações superficiais dessas técnicas, entre outros elementos de jogos.
 
Em tradução livre, o pointsification ocorre quando se pega a coisa que é menos essencial nos jogos e representa isso como o centro da experiência.
 
Robertson enxerga a gamificação como uma forma de enganar as pessoas, por meio de um marketing que diz que irá melhorar o engajamento das pessoas, mas que na verdade só cria uma ilusão disso. Ou seja, a gamificação é ineficaz.
 
Da mesma forma, Kathy Sierra, desenvolvedora de jogos, afirma que Gamificação é o xarope de milho com muita frutose do engajamento, ou seja, é bom, as pessoas gostam, mas faz mal se consumido em excesso, além de não ter utilidade.
 
No entanto, Kevin Werbach, estudioso da área da gamificação, não acredita que essas afirmações valem para todos sistemas gamificados, e sim para aqueles baseados na motivação extrínseca.
 
No nosso texto “Qual tipo de motivação te impulsiona?” nos explicamos melhor o que é motivação extrínseca, no entanto, ela é citada em diversos outros textos, como o dos Tipos de Player e o do Octalysis, onde fica claro que as gamificações bem desenvolvidas buscam a motivação intrínseca, e é justamente esse o ponto de defesa utilizado por Werbach.
 
“Bad gamification is bad” (Gamificação ruim é ruim),
Kevin Werbach
 
No nosso texto, onde discutimos a gamificação na educação apontamos alguns problemas que uma gamificação mal elaborada pode causar. Por isso que, para utilizar essa técnica é necessário muito estudo, não só da área de jogos, como também da área de psicologia.
 
As críticas de Robertson e de Sierra não deixam de ser válidas, no entanto, não podem ser generalizadas para todas gamificações, mas sim para aquelas mal elaboradas, sem embasamento e estudo prévio. Ainda assim, servem como exemplo do que não deve ser feito para aqueles que querem desenvolver um bom projeto.
 

Exploitationware

Assim como o Pointsification, o Exploitationware é utilizado contra gamificações, mas que se refere as gamificações má desenvolvidas. No entanto, segue uma linha de pensamento totalmente diferente.
 
Enquanto Margaret Robertson criticava a ineficácia da gamificação, Ian Bogots, desenvolvedor de jogos, critica o fato dela ser tão eficaz que é possível manipular as pessoas para fazerem o que não querem.
 
Exploitationware é um termo que surge da união das palavras Exploration (exploração) com Software e passa a mensagem de que a gamificação explora os softwares de jogos para substituir incentivos reais por incentivos fictícios.
 
Bogots acredita que essa é uma forma de confundir as pessoas para ignorarem as reais condições de trabalho e, a partir disso, comprometer a natureza das trocas econômicas e sociais entre trabalhadores e seus empregados.
 
Assim como no Pointsification, o Exploitationware não está totalmente errado. A gamificação tem poder de influenciar as pessoas , por isso é uma área com muitos estudos da área de psicologia.
 
Porém, por possuir um designe focado em humanos, como foi citado no texto do Octalysis, um bom sistema gamificado dificilmente influencia as pessoas a fazerem algo que será negativo para elas, exceto nos casos de uma gamificação mal planejada.
 
Isso nos leva novamente a frase do Kevin Werbach, “Gamificação ruim é ruim”, e assim como qualquer outro serviço, quando mal elaborado, traz resultados negativos.

Mas a gamificação funciona?

 
Eu estou me perguntando se você está com essa dúvida, mas acho que, se não estiver, no mínimo com uma pulga atrás da orelha você deve ter ficado.
 
A gamificação funciona? Sim. Entretanto, assim como tudo na vida, nada é perfeito. Ela tem suas falhas e o importante é o esforço feito para evitá-las. E, para te mostrar que é possível superar essas falhas e tirar essa pulga de você, eu vou trazer agora alguns exemplos de gamificações que funcionaram muito bem!

Speed Camera Lottery

 
Um projeto desenvolvido pela Volkswagen com finalidade de diminuir a velocidade dos carros nas avenidas, a “Loteria de Câmera de Velocidade” (tradução livre) recompensava com um bilhete de loteria todos os carros que passassem na velocidade correta da via.
 
Parece algo simples, não é mesmo? Mas com a aplicação certa, esse projeto reduziu em 22% a média de velocidade da via onde foi aplicado, além de reduzir os acidentes.
 
Além dessa loteria, a Volkswagen desenvolveu outros projetos de gamificação, em um estudo chamado “The Fun Theory”, que pode ser visto nos seguintes vídeos:

Orc'shop

O Orc’shop é um workshop gamificado realizado pela Orc’estra para ensinar sobre gamificação. Nós pegamos o conteúdo necessário para se ter uma base sólida sobre essa técnica e compilamos num workshop cheio de dinâmicas, momentos de interação, entre outros pontos que entraram nessa gamificação.
 
O resultado? Um treinamento que é aplicado todo semestre para os novos membros da empresa e que também é oferecido para outras empresas que desejam aprender mais sobre essa área, sempre com ótimos feedbacks e uma alta taxa de aprendizado e adesão do conteúdo.
 
Existem diversos outros exemplos de gamificações bem sucessidas, nosso portfólio mesmo possui vários, mas acredito que esses sejam suficiente para mostrar que, apesar de possuir um “Dark Side”, a gamificação tem um enorme potencial, quando bem aplicada.
 
Para saber mais sobre gamificação e seus benefícios fique a vontade para ler nosso post “O que é gamificação e como ela pode mudar a sua vida”, para navegar pelo blog, nos seguir nas redes sociais (Linkedin, Instagram e Facebook), ouvir nosso podcast ou entrar em contato conosco!
 
Texto por: Iuri Severo – Assessor de Marketing

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