
Você já se perguntou o motivo de ficar horas jogando algum jogo, e não querer parar mais? E como isso pode influenciar na sua vida? Jane McGonigal tem a resposta, e vai além, ela acredita que jogando podemos mudar o mundo!
Mas, primeiro…
Quem é Jane McGonigal?
Jane McGonigal, PhD, é uma designer de renome mundial na área de jogos de realidade alternativa – ou jogos criados para melhorar vidas reais e resolver problemas reais.
Ela acredita que os designers de jogos estão em uma missão humanitária, e seu objetivo nº 1 na vida é ver um desenvolvedor de jogos ganhar um Prêmio Nobel da Paz.
Ela é autora de dois best-sellers do New York Times: Reality is Broken: Why Games Make Us Better and How They Can Change the World (Penguin Press, 2011) e SuperBetter: The Power of Living Gamefully (Penguin Press, 2016).
Seus TED Talks sobre como jogos podem fazer o mundo melhor e o jogo que pode lhe dar 10 anos a mais de vida, estão entre as palestras mais populares de todos os tempos e têm mais de 15 milhões de visualizações.
Neles ela disserta sobre como os jogos influenciam na vida das pessoas, ajudando no desenvolvimento de habilidades que são úteis na vida real, e como o tempo gasto em jogos não é desperdício, mas, sim, algo que pode melhorar vidas.
Ela é mais conhecida como inventora e cofundadora do SuperBetter, um jogo que ajudou mais de um milhão de jogadores a enfrentar desafios de saúde da vida real, como depressão, ansiedade, dor crônica e lesão cerebral traumática.
Eu poderia te dizer mais sobre a Jane, mas acho que já deu para entender de quem estamos falando. De toda forma, sua biografia está disponível online, em seu site, caso você queira ver depois.
A influência dos jogos na minha vida
Desde a primeira vez que vi os vídeos da Jane falando sobre os impactos positivos que os jogos podem trazer para a humanidade, eu fiquei admirado, pois não é algo comum de se ver todo dia.
Na nossa sociedade, ainda existem muitas pessoas que veem jogos como algo fútil, sem sentido, que não passa de perda de tempo e uma pessoa vir e trazer essa visão diferente foi algo que me encantou bastante.
Sempre fui uma pessoa que jogava muito e acho que nunca tinha parado para pensar no porquê, e, quando realmente comecei a me questionar os motivos, levantei alguns pontos sobre a influência dos jogos na minha vida.
Uma das primeiras coisas que observei foi que o primeiro jogo online que joguei, Grand Chase, veio em grande parte por influência das pessoas ao meu redor, a vontade de querer fazer parte daquele grupo e a vontade de querer me aventurar com aquelas pessoas.
Isso foi um dos passos iniciais para eu entrar nesse mundo e, quando comecei a jogar, a história do jogo foi algo que me impactou bastante. Eu sendo o herói de Vermecia, continente onde a jornada do personagem é iniciada, tendo que salvar o mundo das forças malignas me cativou muito dentro daquela experiência.
E esse jogo fazia tanta parte daquele momento da minha vida que eu até deixava de comprar doces e outras coisas para juntar dinheiro e comprar itens in-game. Mas por que eu fazia isso tudo por apenas um jogo?
Parando para pensar um pouco mais, as vezes, nós, como humanos, acabamos limitando nossa vida a situações cotidianas que muitas vezes não têm nada de divertido e que nós fazemos apenas para nos adaptar a sociedade, como estudar, trabalhar, ir para igreja, etc.
Quando chega algo que muda completamente a sua visão sobre o mundo e mostra que a vida pode ser mais divertida, você acaba se prendendo naquilo e passa a não querer mais sair de casa, por saber que o mundo real não é divertido daquele jeito.
Isso foi uma das coisas que mais me fizeram entrar no mundo dos jogos, ser capaz de encontrar outra realidade.
Sempre tive muitas dificuldades de me socializar, de dar minhas opiniões, de sentir que eu poderia ser eu mesmo e, muitas vezes, me senti incapaz em várias situações, mas quando eu entrei no mundo dos jogos foi como se eu tivesse esquecido tudo isso.
Eu realmente conseguia ser eu mesmo, tinha o sentimento de que eu estava evoluindo dentro do jogo, que eu era capaz de fazer as coisas dentro daquele mundo, e conseguia socializar, tanto que a maior parte dos grande amigos que tenho hoje veio em decorrência a algum jogo que jogamos juntos no passado, ou ainda jogamos até hoje.
Tendo isso em vista e a pesquisa feita por Jane, existem quatro principais pilares que podemos tirar dentro de um jogo para tornar nossa vida melhor.
Os 4 Pilares
O primeiro deles é o otimismo urgente. Os jogadores sempre têm a sensação de ter que fazer algo, que não podem ficar parados e sempre acreditam que têm o potencial para isso. Esse pilar é o que faz os jogadores se sentirem empoderados e motivados a encarar os desafios que vêm pela frente.
O segundo é a criação de uma estrutura social, pois quando você está jogando com alguém, querendo ou não, você acaba dando um voto de confiança para aquela pessoa, que está ali com o mesmo objetivo que você, que vai seguir as regras do jogo e que, se você precisar de ajuda, ela vai estender uma mão amiga.
Existem diversas pesquisas que mostram que quando você começa a jogar com uma pessoa, você começa a confiar mais nela e a gostar dela. Alguns exemplos podem ser encontrados no próprio Google, como:
O terceiro é a produtividade prazerosa. Quando você está em um jogo você, na maioria das vezes, está jogando porque gosta de fazer aquilo, não porque é sua obrigação, mas porque é algo divertido de se fazer.
Um efeito disso é a sensação de que o tempo passou rápido enquanto se estava jogando. Você passa horas naquilo e não percebe, pois era algo prazeroso de se fazer, assim como ocorre no estado de fluxo, citado na Teoria do Flow.
E o último, na minha concepção um dos mais importantes, é o significado épico, que é onde o jogo trabalha com a questão de você estar participando de algo maior, que todas suas ações vão ter um impacto no universo e que você é uma das pessoas que realmente está fazendo a diferença.
É por causa de todo esse significado que uma das maiores enciclopédias do mundo é a de World of Warcraft.
E todos esse fatores contribuem para os gamers serem pessoas altamente esperançosas, pois dentro dos jogos eles acreditam que tem a capacidade de mudar o mundo.
Isso ocorre devido ao sentimento de recompensa que vem dos feedbacks constantes, visualização da evolução do personagem, recompensas em si, entre outros elementos. E isso dá ao jogador o sentimento da Vitória Épica.
A Vitória Épica

Segundo Jane, a vitória épica ocorre ao se conquistar um resultado tão extraordinariamente positivo que você nem imaginava que era possível até alcançá-lo. Algo que estava quase além do limiar da imaginação e, quando você chega lá, fica chocado ao descobrir do que realmente é capaz.
Agora, imagina se esse sentimento fosse passado para as atividades diárias? Mais cedo ou mais tarde as pessoas vão perceber que realizar as tarefas de forma automática não é mais satisfatório e vão se sentir desmotivadas para realizá-las. Então, por que não começamos a trazer todos esses aspectos de jogos para a vida real?
Dessa forma, as pessoas do mundo começariam a se sentir bem com o que fazem, gostariam e iriam querer crescer cada vez mais. Tirando a automatização das tarefas e passando a torná-las uma produtividade prazerosa.
Além de transformar o mundo em um lugar mais humano, onde a felicidade realmente é o foco, também passaremos a entender o quão impactante pode ser o jogo na vida das pessoas, o que levaria para mais estudos sobre isso e a um resultado cada vez maior.
Talvez você não tenha percebido, mas, apesar de a Jane não utilizar o termo “gamificação” ainda, as ideias dela seguem o mesmo objetivo dessa técnica. Para saber mais sobre isso e seus benefícios fique a vontade para ler nosso post “O que é gamificação e como ela pode mudar a sua vida”.
Texto por: Iuri Severo – Assessor de Marketing
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