O que é gamificação e como ela pode mudar a sua vida (assim como mudou a minha)?

O que é gamificação?
Gamificação, de acordo com o dicionário, é a aplicação de técnicas de jogos em contextos cotidianos com a finalidade de motivar pessoas, melhorar aprendizado, produtividade, resolver problemas ou mudar comportamentos e construir bons hábitos em um ambiente.
É assim que a maioria das pessoas enxerga gamificação, mas será apenas isso?
Já em meu primeiro contato com essa tecnologia, fiquei bastante intrigado, queria fazer com que os players (participantes, ou público-alvo) sentissem o mesmo que eu sentia ao jogar, a mesma motivação, aquela vontade de sair em uma aventura e superar cada desafio, a sensação de muitas emoções.
Isso pode traduzir bem os objetivos de uma gamificação, muitas vezes podemos pensar que gamificação é “deixar as coisas como um jogo”, mas não necessariamente, o que realmente importa não são os elementos ou técnicas (apesar deles serem extremamente importantes), mas sim a experiência.
Quando falamos disso, quer dizer que o mais importante é proporcionar uma experiência que realmente motive as pessoas, que seja um ponto de transformação e não fazer algo que seja simplesmente divertido ou que gere resultados.
Além disso, gamificar também é sobre fazer as pessoas se sentirem bem fazendo o que elas fazem, enxergarem a rotina monótona e problemas inacabáveis de um jeito diferente, de um jeito que elas tenham vontade de superar esses desafios e tomar escolhas que vão fazê-las crescer.
Em outro momento falamos um pouquinho sobre a Teoria do Flow que também está totalmente relacionada com isso e quando falamos da experiência ou jornada proporcionada em um sistema gamificado, podemos fazer referência à Jornada do Herói.
Em breve faremos conteúdos falando mais sobre esses 2 tópicos super importantes!
Antes de continuar falando sobre isso “o que é gamificação” temos que responder à seguinte pergunta: o que é motivação? É necessário ter esse conceito bem definido.
A motivação
A palavra “motivação”, vem do Latim: movere, que significa força motor ou interna que impulsiona uma ação, um conceito presente desde o princípio da humanidade.
No início da história humana, a motivação era a sobrevivência, o ser humano era movido pelo instinto da sobrevivência e foi o que impulsionou a evolução da espécie com muitas descobertas.
Apesar de ser antiga, a motivação passou a ser estudada na Revolução Industrial, contexto no qual as pessoas não eram mais motivadas pela sobrevivência da espécie.
Elas passaram a ser mais motivadas por: status, sociabilidade, realização, auto afirmação, autoestima, mas principalmente voltadas para a necessidade de trabalhar, muitas vezes, até sem outra opção, chegando ao ponto até de esquecer o próprio bem-estar.
Também já foram citados tipos de motivações nesse blog, dá uma passadinha lá pra completar ainda mais seu aprendizado!
Muito mais do que no dicionário!
A partir disso, comecei a pensar que gamificação poderia ser muito mais do que técnicas de jogos aplicadas em um contexto não-jogo, mas sim ser uma ferramenta para melhorar a produtividade, aumentar o faturamento de uma empresa ou mudar um mal hábito.
Acredito que gamificação é um jeito de ressignificar a nossa rotina e objetivos, olhar para eles com um olhar diferente.
Existem várias respostas para: “o que é gamificação?” e, para entender melhor os vários pontos de vistas diferentes e definir gamificação. Assim, fiz uma pesquisa com alguns outros membros da Orc’estra Gamificação para saber o ponto de vista deles e algumas palavras ganharam destaque:
- Engajamento, motivação, diferença e transformação.
“Uma ferramenta para estimular, a partir de elementos lúdicos de jogos e uma experiência na vida real, as pessoas. Trazer um jeito diferente de fazer as coisas, provocando mudanças nos comportamentos e consequentemente no ambiente.”
“Transformar a realidade com objetivos claros, que não pareçam imposições, mas sim desafios a serem superados por uma escolha própria do player e dando méritos a ele.”
Não se trata apenas de pontos, rankings, emblemas e recompensas, se trata de olhar para as pessoas. E, agora, gostaria de trazer um pouco da visão de algumas pessoas que temos como referência quando estudamos sobre gamificação.
Outras referências
Kevin Werbach
Para ter uma visão ainda mais completa, podemos observar a definição de Kevin Werbach, bem parecida com a do dicionário: “Gamificação é o uso de elementos de jogos e técnicas de design de jogos em contextos não-jogo”. Mas, ele destaca 3 pontos muito importante que toda gamificação deve ter:
- Elementos de jogos ou a caixa de ferramentas com pontos, níveis, recursos coletados, missões, personagens, interação social e progressão;
- Propósito de ser divertido, um lado experimental artístico, pensar em problemas ou encarar desafios de um jeito diferente;
- Um objetivo claro além do próprio sucesso no sistema, seja ele para aperfeiçoamento pessoal, melhor rendimento na empresa, aprendizado ou impacto social.
Lembra que eu falei como não é sobre elementos nem só sobre diversão? É sobre tudo isso junto e bem equilibrado e com um propósito a ser alcançado!
Na gamificação é importante fazer conexão com a realidade, queremos ajudar as pessoas a encararem a realidade e alcançarem seus objetivos de um jeito divertido e saudável.
Por outro lado, nos jogos, muitas vezes pode ser visto o objetivo de escapar da realidade e essa é uma diferença importante que quebra com o conceito de que “gamificação é fazer as coisas parecidas com um jogo”.
Yu-kai Chou
Outro autor que temos como referência é Yu-kai Chou. No começo de seu livro “Actionable Gamification: beyond ponts, badges and leaderboards”, ele traz um conceito muito interessante: ele diz que gamificação é um human-focused design ou um design focado no ser humano.
Ou seja, assim como os jogos, a gamificação é planejada e feita para as pessoas e não para melhorar processo ou ter melhores resultados, porém, a transformação e motivação que ela gera nas pessoas faz com que elas, com autonomia, alcancem essa melhor performance e queiram crescer mais.
Esse conceito é importante de ser lembrado principalmente no contexto empresarial, onde encontramos uma variedade grande de pessoas e objetivos.
Jane McGonigal
Jane, apesar de não usar o termo “gamificação”, tem uma visão parecida, acreditando fortemente no potencial dos jogos de motivar, ela aborda bastante sobre os impactos sociais e em como os elementos dos jogos e a experiência dos jogadores pode ser um caminho para um mundo melhor.
Se tiver interesse, dá uma olhada nesse TED Talk incrível que ela fala melhor sobre “Jogar pode fazer o mundo melhor”!
Mas como isso pode mudar a minha vida?
Acho que já consegui convencer vocês que gamificação é muito mais profundo do que aparenta ser! Vai além de pontos, troféus ou placares e, se aplicada corretamente com um objetivo, técnicas corretas e dedicação, pode ter um grande impacto.
A gamificação pode ser a chave para um mundo melhor, descobertas inovadoras, jovens mais sonhadores e motivados a mudar o mundo. Além disso, gamificação está em tudo que fazemos, nós somos capazes de escolher como encarar nossa realidade e podemos ser protagonistas da nossa jornada.
Atualmente existem diversas ferramentas que utilizam a gamificação e podem nos ajudar no dia a dia: Duolingo, Habitica, Forest, MySugr, etc. Falamos um pouco mais sobre eles no nosso Instagram.
Além de usar esses aplicativos, você também pode fazer sua própria gamificação! A Jane McGonigal tem um caso muito interessante sobre isso, ela passou por momentos na vida dela nos quais teve que encarar a depressão e a sensação de não conseguir fazer nada.
Para sair dessa fase ela começou a traçar objetivos claros e a se motivar montando um jogo para ajudá-la a levantar da cama e conversar com outras pessoas! Isso teve resultado em um aplicativo chamado Superbetter, que até hoje ajuda muitas pessoas.
Com a gamificação, nossos problemas e rotinas, podem ser vistos de um jeito diferente, passar por esses desafios pode gerar a mesma sensação que um herói tem quando derrota um vilão perigoso ou resolver um grande mistério!
Os elementos de jogos podem terem reflexo em nossas vidas e podem nos manter motivados para trilhar nosso próprio caminho e gerar mudanças no ambiente ao nosso redor, seja em pequenos projetos, como um trabalho da escola ou um projeto em uma empresa internacional.